A saúde mental refere-se ao bem-estar emocional, psicológico e social de uma pessoa. Ela afeta a forma como pensamos, sentimos e reagimos às exigências da vida, influenciando o modo como lidamos com as emoções. Sendo assim, ter saúde mental significa estar bem consigo mesmo e com os outros, aceitar as exigências da vida, reconhecer seus limites e saber lidar com comportamentos, conflitos e acontecimentos da vida cotidiana.
Vivemos em uma sociedade em que as mulheres ainda são, em grande parte, responsáveis pelo cuidado de crianças, idosos e outros membros da família. Nesse modelo patriarcal, o homem se posiciona como provedor e gerenciador da parte financeira, enquanto a mulher é a cuidadora de todos. Como consequência, a saúde mental das mulheres pode ser mais afetada do que a dos homens, pois estão mais expostas a uma sobrecarga de tarefas que os homens.
Certamente, há homens que sofrem com questões de saúde mental. No entanto, para a terapeuta Priscilla Carvalhinha, infelizmente ainda hoje é mais fácil de lidar quando você é homem, pois, na maioria das vezes, a saúde mental deles está mais relacionada ao trabalho. Para as mulheres, a situação é diferente, pois a saúde mental delas está ligada não apenas ao lado profissional, mas também a muitas outras responsabilidades relacionadas ao cuidado em geral.
Como a maternidade pode afetar a saúde mental?
A saúde mental é crucial em todas as fases da vida, desde a infância e adolescência até a idade adulta e velhice. Na maternidade, os cuidados são ainda mais importantes por ser um período sensível de intensas mudanças emocionais e físicas na mulher. É certo que cada mulher vive a maternidade de uma forma e pode afetar a saúde mental de diversas maneiras, variando com alguns fatores impactando mais algumas mulheres do que outras.
Aqui estão alguns aspectos de como a maternidade pode afetar a saúde mental:
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Pressão social e expectativas:
As mães muitas vezes enfrentam expectativas irreais sobre como devem cuidar de seus filhos e cuidar da casa ao mesmo tempo. Além disso, existe o julgamento da sociedade em relação às mulheres, mães, especialmente cobranças na questão de educação dos filhos, o que pode gerar sentimentos de incompetência e fracasso.
Saber gerenciar as expectativas é muito importante no cuidado com a saúde mental. Aceitar que nem tudo será perfeito e que está tudo bem cometer erros pode aliviar a pressão e evitar quebras de expectativas. Além disso, ser flexível com horários e planos, adaptando-se às necessidades do bebê e às mudanças diárias, também pode ajudar.
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Mudanças físicas e hormonais:
As mulheres passam pela experiência da gravidez e do parto, o que pode trazer mudanças físicas e hormonais significativas. Isso inclui o impacto físico do parto e a recuperação pós-parto, além das mudanças hormonais que podem influenciar o humor e o bem-estar emocional.
Se permita descansar. Lembre-se da importância de reservar um tempo para cuidar de si mesma. Isso inclui fazer atividades simples, como tomar um banho demorado e relaxante, acender uma vela perfumada, ler um livro, praticar exercícios físicos ou meditar. O autocuidado é essencial para recarregar as energias e manter a saúde mental.
A terapeuta Priscila Carvalhinha sugere que, para ajudar a reequilibrar o corpo e a mente, você reserve alguns minutos do dia para fazer algo com plena consciência. Pode ser algo simples, como olhar pela janela e focar no horizonte, ou lavar as mãos e focar no cheiro do sabonete e na temperatura da água.
Ao sentir seu próprio corpo como prioridade, você promove um momento de reconexão e equilíbrio. Realizar as tarefas diárias com intenção, consciência e atenção plena pode fazer uma grande diferença no seu bem-estar.
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Isolamento Social:
O isolamento social na maternidade é um desafio comum que muitas mães enfrentam, especialmente nos primeiros meses após o nascimento do bebê. Durante esse período, as mães podem se sentir desconectadas de amigos e familiares, sobrecarregadas pelas responsabilidades diárias e carentes de apoio emocional. A falta de interação social pode levar a sentimentos de solidão e tristeza, impactando negativamente a saúde mental.
É importante que as mães encontrem maneiras de se reconectar com o mundo exterior. Participar de grupos de apoio para mães (super dica: o maravilhoso grupo de encontro de mães em São Paulo @aquicabeumacriança), atividades comunitárias ou até mesmo conversar regularmente com amigos e familiares pode ajudar a aliviar o isolamento. Criar uma rede de apoio é essencial para garantir que as mães se sintam acompanhadas e compreendidas, promovendo um ambiente mais positivo e saudável para si mesmas e suas famílias.
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Aumento das responsabilidades:
Em média, mulheres dedicam 10,4 horas por semana a mais que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. Essa sobrecarga de responsabilidades e o desafio de equilibrar a carreira com a vida materna pode ser extremamente estressante para a mulher.
Estabelecer limites claros entre o tempo dedicado à família, ao trabalho e aos interesses pessoais é essencial. É preciso saber dizer “não” quando necessário e não exitar em pedir ajuda. Compartilhar as tarefas pode aliviar sua carga e permitir que você tenha mais tempo para si mesma.
A psicóloga Raissa Nonato Avanzi ressalta que "os homens conseguem descansar". Essa é a grande diferença entre os gêneros. Nesse sentido, as mulheres, especialmente as mães, são mais propensas a apresentar sinais de cansaço relacionados à saúde mental.
“O autocuidado não deve ser visto como um ato egoísta, mas sim um investimento na saúde física e mental das mães, permitindo que você continue a desempenhar seu papel de maneira eficaz”, diz a psicóloga.
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Desafios Emocionais:
A maternidade pode ser desafiadora tanto para as mães atípicas quanto para as mães típicas. Da gestação ao puerpério, as mulheres enfrentam desafios que podem desencadear problemas mentais como depressão e crise de ansiedade. Saber pedir ajuda é muito importante. Consultar psicólogos, terapeutas ou conselheiros pode ajudar a lidar com o estresse e a ansiedade.
Durante a maternidade, as mulheres passam por inúmeras mudanças emocionais, físicas e hormonais. O suporte emocional, a compreensão e o apoio de um profissional são essenciais para que as mulheres possam enfrentar os desafios da maternidade da melhor maneira possível. Priorizar a saúde mental materna é investir no futuro das famílias e na sociedade como um todo.
Para escrever este artigo, entrevistamos três especialistas no assunto: Priscilla Carvalhinha, uma terapeuta integrativa que hoje guia mulheres a se priorizarem sem culpa e conquistarem sua autonomia; Raissa Nonato Avanzi, uma psicóloga que busca ajudar mulheres que são mães a entender melhor a jornada da maternidade, sem culpas, inseguranças e comparações; e a Mariana, uma psicóloga atua dentro da “maeestar”, uma plataforma de suporte dedicada à saúde mental e bem-estar.
Qual é a sua opinião sobre este assunto? Conhece e recomenda uma terapeuta ou grupo de apoio que ajudam as mulheres a lidar com a saúde mental?