Meu corpo mudou, e agora? – a aceitação do próprio corpo no pós-maternidade - Studio Pipoca

Meu corpo mudou, e agora? – a aceitação do próprio corpo no pós-maternidade

A pressão pelo corpo perfeito é ainda mais cruel para as mulheres no pós-parto, e de modo geral, na maternidade. A gravidez muda o corpo e aceitar isso não é tarefa simples.

O que é o greenwashing? Lendo Meu corpo mudou, e agora? – a aceitação do próprio corpo no pós-maternidade 7 minuto Próximo A dificuldade de engravidar ainda é tabu?

Gestar uma nova vida não é nada simples. Durante a gravidez a mulher passa por inúmeras transformações em seu corpo, que se prepara oferecer as condições necessárias para o desenvolvimento e chegada do bebê. Mas se grande parte das mulheres encara as mudanças físicas durante a gestação de forma positiva – afinal, é um processo necessário – o mesmo não ocorre ao se olhar no espelho após o parto e perceber que o corpo já não é mais o mesmo.

A verdade é que para a maioria de nós a “volta ao normal” é demorada, isso quando ela ocorre. Assim, enxergar esse novo corpo e perceber que ele que conta com estrias, flacidez e em alguns casos cicatrizes, costuma ser um grande choque. Anteriormente esse período era ainda mais difícil. Afinal, ideias como o body positive e auto aceitação não estavam em voga. Era comum encontrar mulheres que não aceitavam o seu corpo no pós-parto e muitas vezes adotavam medidas drásticas na busca pelo retorno a uma condição física que já não mais existia. Felizmente, isso vem mudando!

O novo corpo: aceitando as marcas das vidas

Vamos ser sinceros? Ser mulher em uma sociedade patriarcal é um jogo duro. Ao longo de nossas vidas enfrentamos as mais diversas violências, entre elas a exigência de seguirmos padrões de belezas inalcançáveis. O resultado é que nos punimos com a baixa autoestima e uma perseguição constante ao corpo perfeito. Quem nunca encarou dietas restritivas e malucas, se matou na academia, na pista de cooper, passou horas em salões de beleza e mesmo assim ao se olhar no espelho só conseguiu enxergar defeitos é privilegiado sim!

Essa ditadura sobre o corpo feminino acaba se refletindo na aceitação das mudanças no pós-parto, mesmo sabendo que as mudanças seriam inevitáveis, afinal, o organismo precisa se preparar não apenas para gestar a vida, mas para atender as demandas do bebê. Entender que agora você tem estrias em regiões onde elas não existiam, que a flacidez estará presente, que – talvez - tenha que lidar com melasmas e cicatrizes, entre outras mudanças, e que tá tudo bem, é sofrido e difícil. É inegável que a depender da forma como você utiliza suas redes digitais elas podem ser a gota de nitroglicerina que faltava para sua autoestima explodir. Usar seu Instagram, por exemplo, para ficar olhando fotos de mulheres que voltam a ter o corpo de antes em poucas semanas é devastador para a forma como enxergamos a nós mesmas.

Existe, porém, um movimento crescente nas redes sociais ligados ao body positive, que abordam a realidade do pós-parto, mostrando que as transformações não acontecem apenas com você, que a demora em o corpo “voltar” não é exclusividade sua e que se por acaso sua condição física não retornar ao que era antes não tem problema. Cada corpo é único e as marcas que carregamos nele contam a nossa história. Não precisamos seguir padrões, muito menos viver uma vida e realidade que não é a nossa. O novo corpo do pós-parto é lindo, justamente porque ele mostra a experiência de dar a vida a outro ser.É fácil esse processo de aceitação? Não, não é nada fácil e exige uma profunda desconstrução de valores e expectativas ao qual fomos criados na sociedade ocidental eurocêntrica. Mas não ser fácil não quer dizer que seja impossível.

A força da autoestima das mulheres

A autoestima feminina é uma coisa complicada. E isso fica claro quando percebemos que as mulheres são as principais atingidas pela Síndrome do Impostor, a crença interna de que nunca é boa o suficiente e uma sensação constante de ser uma fraude. Estudos indicam que essa síndrome atinge 70% das pessoas bem sucedidas, com maior prevalência nas mulheres. Embora a Síndrome do Impostor esteja ligada principalmente a atuação profissional, é um bom indicador de que como as mulheres têm dúvidas e inseguranças sobre si mesmas, resultado de uma sociedade patriarcal e uma educação machista que nos coloca em um papel de subserviência, onde nunca somos devidamente valorizadas.

Tenho certeza que você tem, ou já teve, alguma amiga que é lindíssima, mas que mesmo assim está sempre insatisfeita com sua aparência e procura meios de transformá-la, inclusive recorrendo a cirurgias plásticas – curiosidade: no início de 2020 o Brasil tornou-se o país onde mais são realizadas intervenções cirúrgicas para fins estéticos e estamos entre os maiores consumidores de produtos de estética e beleza. Não chega a ser surpresa, mas as mulheres são o grupo que mais sofrem com os transtornos de imagem, onde se idealiza uma imagem corporal em oposição à imagem real. Quando não tratado os transtornos de imagem podem levar a quadros de distúrbios como anorexia e bulimia, que hoje atingem até 5% das mulheres do mundo.

Pesquisa realizada pela Dove, gigante mundial de cosméticos, mostra como pode ser cruel à pressão exercida sobre os corpos das mulheres. A busca por um padrão irreal, que não considera as diferenças biológicas entre os indivíduos e que é inacessível a maioria é cruel, levando a ansiedade e depressão. Assim, quebrar com essa padrão que coloca a autoestima das mulheres no chão é urgente, não apenas para aquelas que precisam lidar com o novo corpo no pós-parto, mas para todas em todos os momentos. 

A autoimagem é muito importante. Quando ela é distorcida e recheada de autocrítica, limita e afeta diversas áreas da vida, diminuindo o bem estar, paralisando, levando ao desperdício de nossas potências e nos tornando alvo fácil para situações de abusos, sejam eles físicos ou psicológicos. Por isso, é fundamental que a autoestima seja trabalhada desde criança. As meninas precisam compreender que a beleza está presente em todos nós e se apresenta em diferentes formas e que não somos apenas nossa aparência física. Pelo contrário, a aparência e o corpo são apenas alguns dos aspectos que nos formam. Não é a toa que uma mulher empoderada, que acredita em si mesma e sabe o valor de si, causa tanto medo. Porque uma mulher com autoestima não cai nas garras da submissão, ela anda para frente e conquista.

É muito bom perceber que aos poucos o mundo vem mudando. Que aos poucos cada vez mais mulheres se dão conta de que são lindas como são, poderosas como são e que são capazes de fazer tudo o que quiserem. O corpo no pós-parto, porém, ainda é um tabu para muitas. Se você está atravessando por esse período e precisa de uma injeção de autoestima, primeiro: saiba que você é linda, maravilhosa e merece todos os aplausos por encarar o desafio de ser mãe. Segundo: corre para seguir esses perfis de mulheres f*das do Instagram para ter acesso a conteúdos incríveis sobre maternidade e aceitação do corpo: Josi Trambiolli, Thalia Rodrigues, Andressa De Oliveira, Elaine Violini, Desiree Fortin e Tori Block. O Youtube é outra rede com farto material sobre o assunto , excelente opção para quem ama vídeos. Olha esse exemplo da Joyce Gervaes!

E já sabe né? Se conhecer outros perfis que falam sobre o assunto, indica pra gente!

 O corpo no pós-parto é imperfeitamente lindo, até porque não existe beleza na perfeição, apenas tédio. Aceite suas transformações e suas marcas. São elas que fazem de você única!

Vamos juntas!

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