Moda como transformação – A nova moda agênero - Studio Pipoca

Moda como transformação – A nova moda agênero

Durante muito tempo a moda contribuiu para reforçar os papéis e estereótipos de gênero. Isso vem mudando. Entenda como.

Você já teve vontade de fazer parte da história? De poder acompanhar de perto as mudanças que redefinem o mundo? Se você respondeu “sim”, seja bem vinda! Hoje o mundo é cenário de intensas transformações. É um mundo em disputa, onde o novo se encontra e se choca com o antigo. Esse não é um processo tranquilo, pelo contrário, basta abrir alguns portais de notícias para perceber isso. Algumas dessas mudanças, porém, parecem ser definitivas. Como as que vêm redefinindo a questão de gênero, quebrando os antigos paradigmas que simplificam a realidade e nos dividem em homens e mulheres, exigindo que estes cumpram papéis esperados.

É cada vez mais claro que há mais coisas entre o céu e a terra que supõe a nossa vã filosofia, e que portanto, não é possível enquadrar 7 bilhões de pessoas em modelos pré-determinados. No mundo fluído, o gênero também é fluído, e independe do aspecto biológico. Essa realidade é ainda mais notória entre os indivíduos da geração Z, a geração que já nasceu conectada e que demonstra vontade e abertura as experimentações identitárias, vivendo um momento de maior liberdade e aceitação.

E se estamos falando de gênero e identidade, precisamos falar de moda.

A moda é mais do que uma indústria bilionária de produção de roupas, possuindo uma intrínseca relação com a cultura e a identidade individual. A roupa e acessórios que você utiliza compõe a personalidade que você deseja externar ao mundo. Assim, pensar em uma moda dividida entre masculino e feminino enquanto os gêneros se dissolvem não faz qualquer sentido. O futuro é âgenero.

A moda e a divisão das roupas por gêneros

Durante a idade média havia pouca diferenciação entre as roupas masculinas e femininas, que eram similares, consistindo em duas ou três túnicas ou togas. As diferenças estavam nos comprimentos dessas peças. Para os homens o comprimento poderia ser variado, enquanto para as mulheres as peças eram sempre de tamanho longo. Com o passar do tempo, as diferenciações entre roupas masculinas e femininas foram aumentando. Processo que se acelerou a partir da primeira Revolução Industrial.

O surgimento da indústria possibilitou a produção em massa das peças e assim modificou profundamente a forma de consumir e se relacionar com as roupas. Em paralelo, a moda sofreu forte impacto das intensas transformações sociais e culturais que ocorreram em todo o mundo. Mais do que nunca, as roupas passam a ser elemento de diferenciação, não apenas entre homens e mulheres, mas também entre as diferentes classes que compunham as sociedades.

No desenrolar do século XX a indústria da moda atinge seu auge, e passa a considerar a subjetividade do consumidor, procurando entender a necessidade de auto expressão, fenômeno que ganha maior força a partir dos anos 1960. Uma das consequências foi o surgimento das primeiras marcas de fast fashion ainda nos anos 1970 nos Estados Unidos e Europa. Os impactos socioambientais desse modo de pensar a produção de roupas é bem conhecido, mas para além deles há outros, como por exemplo, o reforço aos estereótipos de gênero.

Não se engane: se hoje algumas marcas desse segmento se propõe a discutir as questões de gênero isso se deve há uma necessidade de mercado. Basta uma visita em qualquer grande loja de departamento para perceber como as peças ainda estão presas em padrões bem definidos para cada sexo – e que geralmente ignoram a diversidade de corpos.

Diante disso, podemos afirmar que a moda - mesmo abrigando em toda sua história um setor vanguardista - contribuiu significativamente para a construção das identidades de gênero que temos hoje. Assim, meninos devem vestir azul, ou tons sóbrios, calças, bermudas e camisas enquanto meninas vestem rosa, tons coloridos, saias, salto alto e acessórios. A moda se tornou mais uma aliada da manutenção do status quo, sendo obrigada de tempos em tempos a realizar pequenas concessões, como nos casos dos ternos femininos de Coco Chanel ou das mini saias, por exemplo.

A boa notícia? É que essa mesma indústria pode contribuir significativamente para derrubar as limitações de gênero que ela ajudou a impor.

A moda como transformação: a moda agênero

Não temos nenhuma ilusão de que a transformação da moda, e pela moda, virão das grandes marcas que ainda se agarram ao fast fashion. A relação utilitarista que estas possuem com o meio ambiente e o trabalho, se estende as suas causas, valores e cultura. O lucro é sempre o fim. Cada vez mais pessoas, porém, vem procurando fugir desses grandes nomes do mercado e construir uma nova relação com o consumo, produtos e produtores.

E é justamente aí que reside o grande poder de transformação da moda e onde o movimento por roupas agênero finca raízes profundas.

As marcas dedicadas ao slow fashion abraçam a produção de roupas para pessoas, não para homens ou mulheres, respeitando a liberdade de cada um ser e se expressar como bem entender. As antigas classificações entre masculino e feminino vão sendo derrubadas e assim criando uma nova realidade, onde as roupas e acessórios não são reprodutoras de estereótipos, mas uma expressão real da personalidade do indivíduo.

É a moda como transformação!

É muito cedo para saber quais serão as consequências e impactos dessas atitudes. Não seria demais, contudo, desejar que ao implodir as diferenciações de gênero pela moda, elas também sejam derrubadas em outros aspectos, construindo um mundo menos desigual?

As roupas e acessórios podem mudar o mundo! Nós acreditamos nisso, e você?

Até logo!

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