Porque o Studio Pipoca não participa da Black Friday - Studio Pipoca

Porque o Studio Pipoca não participa da Black Friday

Movimentando cifras bilionárias Black Friday é o segundo maior evento do calendário varejista. Entenda porquê o Studio Pipoca não participa do evento.

Mal o mês de novembro começa e somos bombardeados pelas propagandas sobre a Black Friday, evento marcado por supostos “descontos irresistíveis”, abrindo a temporada de compras de final de ano e gerando um verdadeiro frenesi consumista.Originário dos Estados Unidos, o dia dedicado as superpromoções ocorre anualmente na última sexta-feira de novembro, logo após o feriado de Ação de Graças. Movimentando bilhões em compras a Black Friday cumpre papel essencial para muitos negócios. O evento permite “limpar” os estoques e aumentar o faturamento.

No Brasil, o primeiro registro de uma Black Friday é de 2010. Por aqui o evento começou nos meios digitais e, apesar de ter sido recebido com desconfiança, ao longo do tempo foi ganhando espaço entre empresas e consumidores até tonar-se a segunda principal data do calendário varejista nacional. Em 2019 a Black Friday movimentou, apenas no comércio online, cifras de R$ 3,87 bilhões, uma alta de 30,9% em relação a 2018.Quando olhamos apenas para os superlativos números da Black Friday a primeira impressão até pode ser positiva. Afinal, é uma forma dos varejistas aumentarem seus ganhos, abaixarem seus estoques e de consumidores comprarem itens que em condições normais não teriam acesso. Mas será que é isso mesmo?

Black Friday – origens e reflexões

A origem do termo Black Friday é controversa. O primeiro uso do termo registrado é de 1865, em referência à quebra do mercado de ouro dos EUA ocorrida em uma sexta-feira. Muitos investidores e empresas ficaram arruinados nesse dia, o que fez com que data ganhasse o nome de Black Friday. A expressão surge novamente apenas na década de 1960, através dos policias da Filadélfia, que chamavam de Black Friday a sexta-feira após a Ação de Graças devido ao caos que se instalava no trânsito da cidade por conta do grande número de visitantes que recebia. Se para a força policial a data era um dia de terror, o mesmo não se repetia junto aos comerciantes, que aproveitavam o maior movimento na rua para oferecer promoções e grandes descontos, dando início a uma tradição que tornaria o dia após Ação de Graças à abertura oficial da temporada das compras de natal. Como o termo Black Friday tinha uma conotação negativa, os varejistas locais fizeram uma ação de marketing para ressignificar o nome. Aproveitando que na época o registro contábil era realizado manualmente, com a tinta vermelha indicando resultados negativos e a tinta preta resultados positivos, criou-se o mito de que a Black Friday tinha esse nome por ser um momento onde os lojistas conseguiam sair do vermelho e ter resultados pretos em seus registros.

Na década de 1980 a Black Friday se espalhou por todos os Estados Unidos, tornando-se uma das principais tradições consumistas daquele país. Todos os anos, milhares de pessoas se aglomeram em frente às lojas antes da abertura para tentar aproveitar as promoções. Com uma rápida busca no Youtube é possível perceber o verdadeiro caos que se estabelece. É triste e deprimente ver pessoas se aglomerando, brigando e perdendo qualquer noção de coletividade para comprar produtos que na maioria das vezes mudam pouco ou nada de efetivo em suas vidas. Porque o consumismo não se trata de satisfazer necessidades reais, mas sim de procurar satisfação e significar a vida através do ato de comprar.

O filósofo Zygmunt Bauman, um dos maiores intelectuais a pensar a contemporaneidade e a sociedade de consumo, aponta em suas obras como o consumo tornou-se elemento central na formação da personalidade. Consumimos para ser e somos porque consumimos. Quando tudo vira mercadoria, a satisfação e o prazer também são alcançados pelo consumo. Ao comprar nos posicionamos no mundo, com marcas e grifes sendo indicadores de status social e representando o desejo de sermos reconhecidos pelos outros. É a mercantilização da vida e das relações humanas e nós mesmos nos tornamos mercadoria. O intelectual não deixa de apontar também um mecanismo cruel do consumismo: satisfazer por completo os consumidores significa não ter mais o que vender. Assim, para sociedade de consumo funcionar a frustração e o descarte são fundamentais, formando um ciclo de consumo-frustração-consumo que não apenas é insano como insustentável.

Estamos à beira de um colapso ambiental capaz de tornar a Terra em um planeta hostil à vida, a manutenção de iniciativas como a Black Friday e o estímulo ao modo de vida consumista é execrável e irresponsável. Essas questões são importantes na decisão do Studio Pipoca em participar da Black Friday, mas não são as únicas.

Cadeia de produção justa: bom para o planeta, bom para a sociedade

Quando chega a novembro e lojas de roupas começam a anunciar a venda de peças com descontos de até 70% é quase impossível não questionar sobre como a margem de lucro está alta no restante do ano.

Não é novidade para ninguém que a indústria da moda de massa ainda utiliza uma fórmula que combina o consumo exagerado e a mão de obra barata. Segundo dados da Organização Mundial do Comércio, Bangladesh, na Índia, é o segundo maior exportador de vestuário do mundo, com um volume de transações que alcançam os U$ 28 bilhões, sendo que 85% dos trabalhadores dessa indústria são mulheres que recebem até U$ 3 dólares por dia. Uma peça de roupa barata significa que alguém, seja o planeta ou o trabalhador, está pagando o preço. Não existe milagre. Você pode entender melhor como esse sistema de exploração funciona vendo o documentário True Cost. Além disso, já publicamos diversos textos que falam sobre isso, dá uma navegada pelo nosso blog!

O Studio Pipoca, desde o seu início, tem como objetivo ser uma marca sustentável. Isso significa tanto trabalhar com materiais com menor impacto ambiental, mas também valorizar a mão de obra que transformam os tecidos em roupas.

É por isso que utilizamos matéria-prima local. É por isso que utilizamos algodão brasileiro (local) certificado na produção dos tecidos. É por isso que trabalhamos com costureiros da rede Alinha. Acreditamos que mudar a cadeia produtiva é fundamental para mudar o mundo. Para ter uma cadeia limpa e justa socialmente a nossa opção é realizar pouquíssimas promoções ao longo do ano. E definitivamente não participar da Black Friday, evento que vai contra tudo aquilo que acreditamos. Para nós o melhor pra todos é ter uma cadeia produtiva sustentável e inteligente, com produtos de alta qualidade comercializados a preços justos o ano todo, sem aplicação de margens de lucro surrealistas. Em nosso Instagram você encontra mais detalhes sobre como produzimos nossas peças e quais os princípios e valores que norteiam toda a nossa atuação (nos stories em cima do nosso perfil por exemplo).

E vale lembrar: não estamos sozinhos nessa! No mundo todo cada vez mais pessoas e marcas vem questionando o consumismo e eventos como a Black Friday. No Brasil a iniciativa mais proeminente nesse sentido é a Green Friday, que ocorre desde 2013 e tem a sustentabilidade como princípio.

Outro mundo é sim possível! Vamos juntos transformar as formas de produzir, consumir e se relacionar com si mesmo, com o outro e com o planeta!

Até a próxima!

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