Upcycling - uma nova forma de fazer moda - Studio Pipoca

Upcycling - uma nova forma de fazer moda

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É urgente: se quisermos que a Terra continue a ser um planeta acolhedor para as próximas gerações da espécie humana, precisamos agir agora. Já não há mais espaço para discursos sem ações, o tempo para mudança é curto e está se esgotando. Em novembro de 2019 um grupo de 11.000 cientistas assinou um documento decretando que estamos vivendo uma emergência climática. Junto há esse fato, existem indícios de que estamos entrando em um novo ciclo de extinção em massa.

Uma das grandes ameaças ao meio ambiente é o nível de consumo atual. Na moda, por exemplo, o consumo global não para de aumentar a cada ano. Em 30 anos, o consumo de moda no mundo cresceu 400%! Esse é um número assustador e que mostra a dimensão do desafio que temos pela frente.

A boa notícia é que apesar das poucas ações dos governos do mundo contra a destruição do planeta, muitas novas ideias e práticas vêm sendo colocadas em pé pela sociedade civil e empresas dos mais diferentes segmentos.

Na moda – um dos setores com maior pegada ecológica de toda cadeia produtiva – não faltam iniciativas que promovem uma nova forma de produzir e consumir roupas e acessórios. Um dos conceitos que vem ganhando força é o upcycling.

O que é o upcycling e por que ele é importante?

O upcycling não é bem uma ideia nova e marca presença constantemente em tempos de incerteza econômica em diferentes partes do mundo. O termo em inglês pode ser traduzido como reutilização. Mas como vamos ver o upcylcing é mais que um reaproveitamento.

O upcycling consiste em dar um novo, ou melhor, propósito a um material que seria descartado, sem degradar sua qualidade ou composição. Geralmente um item que passou pelo processo, conta com qualidade igual ou superior ao original. Mais que reutilizar, é resignificar.

E por que esse tipo de prática é importante? Porque a produção de resíduos é um dos problemas ambientais mais sérios com o qual a humanidade precisa lidar.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2018 a humanidade bateu a marca de 2 bilhões de toneladas de lixo produzidos anualmente, um número que não para de crescer e pode chegar 2,2 bilhões de toneladas em 2025. Quando olhamos para a moda a situação também é preocupante. Dados do Sindtextil estimam que somente no Brasil seja gerado cerca de 175 mil toneladas de resíduos têxteis por ano. A situação, contudo, poderia ser ainda pior. Caso todas as regiões do mundo replicassem o padrão de consumo dos Estados Unidos, nosso planeta não aguentaria. Não haveria nem recursos naturais para abastecer a demanda, nem espaço para tanto lixo.

Vale destacar ainda as consequências do abuso do plástico. Embora o plástico seja reciclável, apenas uma pequena parte passa pro esse processo – 9% segundo a ONU – e o material possui consequências nefastas no meio ambiente. Além da demora na decomposição, que leva centenas de anos, os plásticos soltam micropartículas que infestam o planeta. Até 2050 devemos ter mais plástico nos oceanos que peixes.

O poliéster, matéria prima presente em 51% dos artigos têxteis produzidos no mundo hoje, gera micropartículas de plástico quando lavado em sua maquina de lavar, por exemplo. Essas micropartículas chegam à rede de esgoto e por fim acabam nos oceanos. Sim gente! Nossas roupas criam uma poluição invisível que chega até a natureza, muito antes do descarte.

Diante desse cenário, encontrar novas formas de reaproveitar os materiais descartados, permitindo que eles ganhem nova vida útil faz toda a diferença! É inspirador o crescimento do upcycling e da Economia Circular, que ocorre, inclusive, na moda.

Upcycling – uma nova forma de fazer moda

A indústria da moda conta com uma das maiores pegadas ecológicas entre todos os setores produtivos, além de ser um dos grandes destaques quando falamos de comportamentos consumistas – comportamento esse que, inclusive, já contou com incentivos de marcas. Ao mesmo tempo, porém, a moda atrai pessoas com grande criatividade e que muitas vezes pensam a frente do seu tempo. Na prática isso significa que são diversas as iniciativas que objetivam o nascer de um novo mercado de roupas e acessórios. Um mercado que respeite o meio ambiente, os trabalhadores e os consumidores.

O upcycling aqui surge como uma nova alternativa de produção que reutiliza e resignifica materiais que iriam para o lixo, abrindo um universo de possibilidades infinitas e incríveis. É impressionante o que se pode fazer com resíduos!

Podemos lembrar, por exemplo, da iniciativa da Cavalera, marca brasileira, que em 2010 lançou uma linha de carteiras e bolsas produzidas com sacos de cimento, um marco para que o upclycing chegasse por aqui.

É importante ressaltar, porém, que os resíduos a serem utilizados podem ser inclusive aqueles produzidos pelo próprio setor têxtil, como as sobras de tecidos e os retalhos que costumavam ser jogados fora. É o que fazem as marcas nacionais Re-Roupa e Comas. Existe ainda aquelas que reaproveitam peças usadas produzir novas, como a Think Blue, que trabalha exclusivamente com o Jeans, um dos materiais com maior impacto ambiental.

Destacamos também a loja Espaço Tenda, localizada no Rio de Janeiro, que vende roupas com pequenos defeitos que não poderiam ser vendidos nas lojas das grandes marcas devido aos altos padrões de qualidade. O Espaço Tenda realiza pequenas reformas nas peças e depois as colocam a venda em seu site evitando assim o descarte imediato das mesmas.

Mas esses são apenas alguns exemplos. É possível encontrar uma boa variedade de marcas de moda que trabalham com o upcycling no Brasil. Ao contrário de outros conceitos de sustentabilidade, ele já é mais bem consolidado na produção de roupas. Tanto assim que uma das mais importantes escolas de moda do mundo, a London College Fashion, conta com um setor que estuda o upcycling desde 2007.

Nós sabemos que enfrentar os desafios que o mundo tem pela frente não será fácil. Mas temos certeza que com criatividade e a união de todos será possível vencer e fazer do nosso planeta um bom lugar para as próximas gerações viverem.

Repense a forma de consumir. Repense a forma de produzir. Repense a forma de viver.

Gostou desse post? Então não deixe de conferir o nosso artigo sobre o greenwashing e a assinatura de roupas.

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